Categorias
Aqui você encontra conteúdos Mundo geográfico Sabores Geográficos

Queijadas – patrimônio cultural em Sergipe

Uma prova de que uma receita pode se tornar patrimônio imaterial de um Estado é queijada. Essa iguaria cuja receita foi trazida pelos portugueses mas adaptada pelos escravos foi considerada Patrimônio Cultural Imaterial de Sergipe por meio de um decreto, em 2011. Isso porque a produção do doce, – feito com farinha, manteiga, leite e doce – é tradição há mais de 200 anos na cidade de São Cristóvão, primeira capital de Sergipe quarta cidade mais antiga do País.

A queijada (ou queijadinha) é chamada assim porque a receita era, originalmente, feita queijo. Segundo o artigo “Memória, identidade, e patrimônio: a doçaria na Festa de em São Cristóvão-Sergipe”, de Ivan Aragão (mestre pela Universidade Estadual de Santa – UESC/BA) e Rosana Leal (professora da Universidade Federal de Sergipe – UFSE), o doce como o conhecemos hoje teve o queijo substituído pelo coco porque o fruto era matéria-prima abundante no litoral do Nordeste brasileiro.

Outra diferença está no seu formato: a queijada tradicional é composta por um doce coco que é sobreposta a uma delicada capa feita da farinha, da manteiga e do leite, como se fosse um biscoito, descrevem Rosana e Aragão em seu artigo, Aglaé D´Ávila Fontes.

Até hoje a queijada é preparada pelos descendentes dos escravos da cidade de São Cristóvão e é tradicional em eventos religiosos como a Festa de Passos, ocorre todo ano na quaresma e reúne romeiros que, em procissão, refazem o caminho percorrido pelo Senhor dos Passos.

O Senhor dos Passos é um santo de vestes na cor roxa que representa Jesus Cristo no trajeto desde a sua condenação à morte até o seu sepultamento, após ser crucificado no Calvário.

D. Marieta Santos, bisneta de uma escrava de São Cristóvão, mantém a produção de queijadas até hoje como fazia sua bisavó, de maneira totalmente artesanal, na conhecida Casa da Queijada. A venda de doces no período da Festa de Passos, segundo ela, chega a 2 mil queijadinhas.