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O que é uma Pandemia?

No dia 11 do mês de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o novo coronavírus como uma pandemia. A decisão do órgão foi decretada após duas semanas do vírus ter se disseminado pelo mundo.  

O crescente número de contágios pelo coronavírus em quase todos os países fez com que o Covid-19 deixasse de ser classificado como uma epidemia para ser considerado uma pandemia — uma designação que não era utilizada desde 2010, para o H1N1 (também conhecida como Gripe A).

Mas quais são as diferenças entre uma epidemia e uma pandemia? Saber isso, pode ser uma excelente alternativa para abordar em sala de aula com seus alunos, em especial, prepará-los para questões de vestibulares e concursos.

Pandemia, epidemia, endemia e surtos

Essas quatro classificações tem relação direta com a capacidade de disseminação geográfica do contágio de certos tipos de doenças.

Os surtos ocorrem quando há um aumento repentino e significativo no número de casos de uma doença em uma região geográfica específica. Para que seja considerado como um surto, o aumento do número de casos deve ser maior do que esperado pelas autoridades. Um exemplo de surto expressivo ocorreu na África do Sul, no ano de 2019, quando a indústria da carne vermelha no país foi afetada pelo surto da febre aftosa nas cabeças de gado. O contagio foi limitado ao distrito de Vhembe, na aldeia de Sundani, e o número de bovinos afetados foram inferiores a 50 em uma área com cerca de 10.000 a 15.000 cabeças

A classificação de uma endemia diz respeito sobre a relação do número ocorrências de uma doença em um determinado intervalo de tempo. Uma doença é classificada como endêmica (ou típica) de uma região quando ocorre com muita frequência em um determinado local. As doenças endêmicas podem ser sazonais. A febre amarela, por exemplo, é considerada uma doença endêmica da região Norte do Brasil, em particular na Amazônia.

Uma epidemia é o aumento expressivo do número de casos de determinada doença em diversas regiões no mesmo país. Uma epidemia pode variar de acordo com as escalas geográficas de um território, por exemplo, a nível municipal acontece quando diversos bairros apresentam uma doença, a epidemia a nível estadual acontece quando diversas cidades têm casos e a epidemia nacional acontece quando há casos em diversas regiões do país.

O coronavírus, antes de ser considerado como uma pandemia, foi classificado como uma epidemia, pois se limitava geograficamente a determinadas regiões da China como a cidade de Wuhan, a capital da província de Hubei, localizada na China Central.

Já a pandemia, em uma escala de gravidade é o pior dos cenários. De acordo com a OMS, diz respeito a “propagação global de uma nova doença”, ou seja, ela acontece quando uma epidemia se espalha por diversas regiões do planeta.

A etimologia da palavra pandemia tem origem do grego (παν [pan = tudo/ todo(s)] + δήμος [demos = povo]).  A humanidade vem enfrentando pandemias tipo influenza que causa gripes desde ao menos 1580, quando surgiu na Ásia e se espalhou para a África, Europa e América do Norte. Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de epidemia para pandemia quando a OMS começou a registrar casos em cinco continentes do mundo. A aids, apesar de estar diminuindo no mundo, também é considerada uma pandemia.

No caso do Covid-19 grau de seriedade é maior do que uma gripe comum porque, sublinha a OMS, “a maior parte das pessoas não tem imunidade” em relação a estes novos vírus. Atualmente no mundo, o número de casos confirmados pelo contagio do coronavírus é de 435.066 e de mortes provocadas pela doença é de 19.625. (dados referentes ao dia 25/03/2020)

A alteração da classificação do Covid-19 de epidemia para pandemia tem a intenção de alterar o comportamento das populações e também dos governos.

As dimensões geográficas da pandemia

– Globalização

Com os avanços técnicos, científicos e informacionais desenvolvidos no decorrer do século XX, uma intensa transformação ocorreu no modo de circulação das pessoas pelo mundo. Com o desenvolvimento dos meios de transporte, em especial o avião, o número de pessoas que começaram a circular por diferentes países, transcendendo todas as fronteiras, aumentou de maneira significativa.

A circulação e os fluxos populacionais de migrantes, trabalhadores e turistas, possibilitado pelas transformações técnicas, são um fator essencial para que ocorra a disseminação das doenças contagiosas por diferentes territórios interligados em um mundo globalizado.

Neste caso, a globalização entra como um fator essencial que possibilita a disseminação de tais doenças mais rapidamente – embora aqui com um acréscimo importante, observando como esse processo de circulação também estimula os vírus a sofrerem mutações mais rapidamente. Atualmente, o novo coronavírus, que surgiu em dezembro na província de Hubei, no centro da China, já chegou a mais de 150 países e territórios em cinco continentes.

– Aglomeração, distribuição e contenção populacional

Tamanhos e densidades populacionais maiores facilitam maiores taxas de transmissão. Grandes centros urbanos que possuem maior concentração populacional favorecem um maior número de contágio por doenças transmissíveis. As cidades de São Paulo, Nova York, Barcelona e a cidade de Wuhan, são exemplos de grandes cidades que, pela sua grande densidade demográfica e intensa circulação de pessoas, têm altas taxas de transmissão dos vírus.

As duas estratégias fundamentais para barrar da disseminação dos vírus em aglomerações são as contenção populacional, como: a “mitigação”, que teria como papel principal afastar pessoas com quadro suspeitos e as já infectadas e seus contactantes, além de propor o isolamento domiciliar somente dos grupos de risco; e a “supressão”, que levaria em consideração as ações acima e mais o distanciamento social para toda a população, com escolas e universidades fechadas, além da orientação de evitar sair de casa e frequentar ambientes com grande número de pessoas.

Para ir mais longe em casa e na sala de aula

– “Por que a circulação de pessoas tem peso na difusão da pandemia?” Maria Encarnação Beltrão Sposito e Raul Borges Guimarães

– Videoaula sobre “Vigilância em saúde, Covid-19 e raciocínio geográfico” – Prof. Dr. Raul Guimarães (UNESP)