Acarajé, vatapá, buchada, cuscuz, sarapatel. Apesar de muita gente não saber do que são feitos cada um de pratos, com certeza já ouviu falar deles e sabe que são típicos da culinária nordestina

 “No tabuleiro da baiana” é o título de uma música do compositor Ary Barroso, sendo esse seu primeiro sucesso em 1936. Nessa composição, o musico refere-se a algumas características típicas dos grandes centros do Nordeste, em específico, Salvador: a quituteira negra, a famosa “baiana”, que vende os tradicionais pratos da culinária africana. A letra da música também aborda os principais quitutes que tem no tabuleiro da baiana: No tabuleiro da baiana tem: “Vatapá, oi/ Caruru/ Mungunzá/Tem umbu/Pra ioiô/    (…)”

Com uma natureza magnifica como seu litoral e um patrimônio histórico e cultural riquíssimo, o Nordeste brasileiro é, literalmente, um prato cheio para se visitar. Com sua incrível diversidade, podemos dizer que os brasileiros ainda se surpreendem com a variedade de pratos típicos que a culinária nordestina tem.

Muitas vezes quando comemos um prato não percebemos o quanto de história e cultura que há por trás de cada garfada. Inúmeros acontecimentos fizeram com que um prato viesse a surgir e se tornar popular, com características que demarcam um regionalismo. De acordo com o Portal Brasil, vários fatores influenciam a culinária nordestina: sua diversidade climática (tropical na costa e semiárido no interior), a presença africana da época do ciclo da cana-de-açúcar; o litoral; influência portuguesa e a pecuária são alguns deles.

Isso faz com que em toda a extensão dessa região brasileira seja encontrada uma grande variedade de pratos – os frutos do mar, o tempero picante e as raízes são alguns dos ingredientes comuns na culinária nordestina. Da cozinha afro-brasileira, vieram feijões variados, inhames, quiabos, gengibres e óleos como o azeite de dendê.

Para quem não está muito familiarizado com a cozinha do Nordeste, o cardápio pode parecer bem diferente. No café da manhã, por exemplo, é comum o consumo de pratos como o cuscuz, a tapioca, o curau e o queijo coalho na brasa. No almoço, os nordestinos gostam de uma boa carne de sol com mandioca, principalmente nos Estados do Rio Grande do Norte e em Alagoas.

O peixe frito, a moqueca e outros pratos com frutos do mar também são muito apreciados. O bolo de rolo – um rocambole de goiaba com massa bem fininha – é uma sobremesa típica do Pernambuco, mas que já ficou conhecida em todo o Brasil e deixa todos com água na boca. A rapadura – feita do açúcar da cana – é outro doce bem conhecido entre os nordestinos.

Conheça alguns dos pratos mais famosos dessa região do Brasil:

Acarajé

O acarajé é uma especialidade gastronômica da cultura afro-brasileira. Sua origem está em um outro prato encontrado em alguns países da África ocidental, como: Togo, Camarões, Nigéria e Benim. Além disso, o Acarajé é uma comida que faz parte do ritual do candomblé, religião de matriz africana. Na África ele é chamado de “àkàrà”, que significa “bola de fogo”, e je significa “comer”. Aqui no Brasil, juntaram essas duas palavras africanas em uma só “acara-jé”, assim significando: “comer bola de fogo”.

Comida típica da Bahia, vendido em praticamente em todos os “tabuleiros das baianas” o acarajé é feito a partir do bolinho de feijão fradinho preparado de maneira artesanal. O feijão é moído em um pilão de pedra e posteriormente frito no azeite de dendê fervente, tornando-se um bolinho que pode ser cortado ao meio e recheado. Entre os recheios mais com vatapá, caruru, camarão refogado, pimenta e salada de tomates verde e vermelho com coentro. A origem do acarajé remonta à vinda involuntária de povos africanos que foram escravizados e até hoje é apreciada por turistas brasileiros e estrangeiros. Em 2012, as baianas do acarajé foram reconhecidas como Patrimônio Imaterial da Bahia.

Vatapá

O Vatapá também é um prato criado por influência da culinária africana e foi trazido pelos povos africanos nos navios negreiros a partir do século XVI.  O vatapá é um alimento de consistência cremosa e cuja receita tem variações. Uma das mais comuns, típica da Bahia, é à base de camarão seco, pão, leite de coco, amendoim e castanha de caju. O preparo pode variar de estado para estado, pois esse prato também é consumido popularmente no Amazonas, no Amapá e no Pará.

Buchada

O sertão nordestino é uma região do Nordeste onde temos  altas temperaturas e baixo nível médio de precipitação durante ao ano. É muito interessante quando reparamos nessas condições geográficas e sua relação com a culinária de uma população.Foi esse ambiente de estiagem do sertão que deu origem a um prato simples que possui forte vínculo regional.

Para o sertanejo resisistir ao clima do sertão, passou a conservar a carne de bode. A necessidade de conservar a carne acabou se tornando preferência regional, tornando o prato mais conhecido como “buchada de bode”.

Prato nordestino feito com miúdos como rins, fígado e vísceras brancas de bode, e tripas temperadas e servidas dentro de bolsas feitas com o próprio estomago do animal. No sertão nordestino é costume servir o prato em ocasiões especiais, tais como festas, batizados e recepção de visitantes ilustres.

Sarapatel

Sarapatel é uma indicação comum as diferentes iguarias que são preparadas com as vísceras de porco ou cabrito. Esse prato ele tem origem portuguesa e também é uma culinária indo-portuguesa de Goa (estado da Índia, localizado na costa oeste).

O sarapatel é feito de vísceras de porco e seu sangue. Uma de suas características é seu alto teor de gordura por conta da presença de tripas e pedaços do toucinho. Durante a preparação do prato, pode-se acrescentar hortelã e grandes pimentas-de-cheiro. O sarapatel é uma alimentação típica da culinária de Alagoas, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Norte, Piauí e Ceará.

Gal Costa e Caetano Veloso reinterpretando – No Tabuleiro da Baiana de Ary Barroso