Da Arca de Noé ao Jardim do Éden
Sete dias antes do dilúvio, Noé construiu uma gigantesca arca para salvar sua família e todas as espécies de animais de sua época. Após quarenta dias e quarenta noites de terrível inundação que destruiu toda a civilização, Noé encalhou com sua arca no topo de uma grande montanha, o Monte Ararat.
Atualmente localizado em território turco, a poucos quilômetros das fronteiras com a Armênia, o Irã e o Azerbaijão, e a sudeste do Mar Negro, o Monte Ararat possui aproximadamente 5.200 metros de altitude. Geologicamente, ele é considerado um “estratovulcão”, formado por grandes fluxos de lava, constituído principalmente por rochas ígneas e coberto por gelo. A enorme montanha que pode ser vista de vários pontos da Armênia, culturalmente simboliza o coração do primeira nação convertida oficialmente ao cristianismo no mundo, os armênios.
Além de uma nação, os armênios formam um grupo étnico originário da região do Cáucaso e do Platô Armênio (lugar que é tradicionalmente associado ao local onde era descrito o Jardim do Éden nas passagens bíblicas). Atualmente existe muitos descendentes de armênios (estimativa de 5 milhões a 8 milhões) vivendo fora da Armênia. Isso em decorrência de um dos mais terríveis acontecimentos do século XX, o “genocídio armênio”.
Do Holocausto Armênio à Geopolítica recente
Durante o século XIX, o Império Turco-otomano começava a perder seus territórios na Europa e, com o início da 1ª Guerra Mundial, o governo otomano temia perder também as terras ocupadas historicamente pelos armênios na Ásia Menor. Além disso, os armênios estavam situados na fronteira entre os impérios otomano e russo, o que interessava a ambos pela posição estratégica de guerra. O genocídio armênio, período sombrio da história, ocorreu entre 1915 e 1923 totalizando mais de um milhão e meio de armênios mortos por ordens do Império Turco-otomano. O termo “genocídio” foi criado em 1943, com base no massacre do povo armênio. Até os dias de hoje o governo turco não aceita a alegação de que o Império Otomano tenha cometido genocídio contra os armênios.
Atualmente a Armênia se encontra em mais uma tensão geopolítica. A região de Nagorno-Karabakh tem sido, nas últimas décadas, palco de disputa armada entre a Armênia e o Azerbaijão. Entre os conflitos ocorridos, aquele conhecido como “Guerra de Libertação de Artsaque” (1988 – 1994), teve como objeto de disputa esta pequena região localizada entre os dois países. Com a dissolução da União Soviética (na qual os dois países integravam), eclodiram os conflitos étnicos na província de Nagorno-Karabakh, que se localiza em território azeri, mas tem maioria populacional armênia. Apesar do atual cessar-fogo, o conflito ainda se mantém devido à importância geopolítica da região para potências globais como a Rússia e a Turquia.
Os sabores armênios
A Armênia apesar de ser um pequeno país possui uma grande riqueza culinária. Pela sua posição geográfica e sua história, as práticas culinárias da Arménia possuem muitos elementos da culinária mediterrânea e caucasiana, e também com influências da Europa Oriental e do Oriente Médio com pequeno alcance dos Bálcãs. A culinária armênia caracteriza-se pelos recheios, purês e coberturas na preparação de carnes, peixes e legumes.
A cozinha armênia é mais conhecida do que se imagina. Alguns pratos populares mundialmente conhecidos como o kibe e a esfirra não tem sua origem apenas árabe, mas também são típicos da gastronomia dos armênios. Os armênios também adoram comer pão com suas refeições, para eles é inconcebível uma refeição sem pão para acompanhar.
Nesta e nas próximas edições indicaremos algumas receitas deliciosas para você preparar e comer com sua família ou amigos que estejam contigo em quarentena. Hoje é dia de Kuftê (kibe frito ou assado) e Djajêr (coalhada com pepino).
Receita Kuftê:
Ingredientes:
2 xícaras de trigo lavado 3 vezes.
Deixar 10 minutos de molho.
Espremer e reservar
1 kg de patinho moído 2 x.
1 colher de chá de pimenta síria
½ colher de chá de pimenta do reino
1 cebolas
1 colher de sopa de hortelão picada
½ xícara de nozes partidas.
Sal a gosto
2 e1/2 colheres de sopa de manteiga
Para massa
Misturar o trigo com 650g (ou 3 xícaras) de carne moída.
Colocar meia colher de pimenta síria.
Temperar com sal.
Misturar bem, amassar com água gelada (+ou -) 2 colheres de sopa, reserve
Para o Recheio
Em uma frigideira grande colocar 2 colheres de sopa de manteiga
Adicionar o restante da carne moída para refogar.
Temperar com sal, o restante da pimenta síria e a pimenta do reino.
Essa mistura vai soltar água.
Quando esta secar (atenção não pode fritar a carne), colocar uma cebola picadinha.
Mexer sempre.
Quando a cebola ficar transparente desligar o fogo,
Colocar a hortelã e as nozes partidas.
Coloque um prato com água gelada do lado. Se necessário coloque gelo na água.
Pegue um pouco da mistura de carne com trigo + ou – do tamanho de uma noz.
Abrir como coxinha, rechear e fechar.
Acerte bem com a mão molhada na água gelada. De forma que fique uniforme.
O kibe pode ser frito em óleo bem quente.
Também pode ser cozido em água e um fio de azeite.
Pode ser colocado no forno. Passar manteiga derretida em volta de cada kibe.
Receita Djájêr
Ingredientes
300 gr de coalhada
1 pepino cortado em cubos
Alho socado com sal (a gosto)
½ limão
Misture os ingredientes em uma tigela,
corrigindo o sal a gosto.
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